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NEGÓCIOS E MENTIRA NÃO COMBINAM
NEGÓCIOS E MENTIRA NÃO COMBINAM

Abraham Shapiro

Eu havia acertado a agenda com aquela pessoa cinco dias antes da data. Nosso encontro era de seu total interesse. 

Na véspera, eu encontrava-me fora de Londrina e fiz de tudo para chegar o mais rápido que pude, vez que o horário marcado seria o primeiro da manhã seguinte e eu queria ser pontual, como gosto.

Meia hora antes de sair de casa, recebo uma mensagem por Whatsapp. Era o meu interlocutor informando que as chuvas o impediam de chegar. Ele vinha de uma cidade próxima e, de sobra, dava conta de que um dos pneus de seu carro havia estourado.

Eu compreendi a justificativa, que parecia legítima naquelas condições, e lamentei tanto pelo meu esforço do dia anterior como pelos problemas dele. 

Poucos minutos depois, no entanto, o meu sentimento de justiça converteu-se em indignação. Fui notificado pelo Facebook que o fulano encontrava-se  numa empresa a 100 km no sentido oposto a Londrina. Creio ter ele se esquecido de tudo o que me dissera e, tentado pela vaidade, postou o mapa de sua localização instantânea. Traduzindo, a história que me fora contada minutos antes era a mais deslavada, inútil e desnecessária mentira.

Se é que o mentiroso tem de ser bastante inteligente para não cair em contradição, eu estava diante da revelação de que o nosso “mui amigo” é um autêntico parvo em querer passar-me para trás ao mesmo tempo em que não se contém exibir sua suposta eficiência a amigos  da mídia social e a seu patrão.

Talvez nada disso devesse estar descrito num artigo de apelo profissional, eu sei, exceto pela grandiosa lição por trás do fato. E a lição é: negócios e mentira não combinam, mesmo que milhões de gentes –  todos os dias e em todo lugar – continuem insistindo. 

Ética e transparência são irmãs puras e sagradas da verdade. Por isso, não há recompensa alguma em se lançar mão de justificativas fabricadas sobre a mentira – nem ao desmarcar uma agenda, nem ao telefone e muito menos no curso de uma negociação. 

Qualquer profissional que precise mentir para justificar-se nestas e outras circunstâncias, além de enganador barato, burro e nivelado aos piores amadores, demonstrará ser, de fato, um covarde desprezível!