Negócios ao telefone
Abraham Shapiro
- “Shapiro, meu querido. Como passou o seu fim de semana?”
Foi isso o que ouvi quando atendi à ligação com número desconhecido. Estranhei. Quem estaria ligando na manhã de segunda-feira só para saber como passei? E, pior, uma voz estranha me chamando de ‘querido’!?! Cheguei a pensar que fosse um trote.
- “Por favor, pode me dizer quem está falando?”, eu perguntei.
- “É o Rodrigo, agente comercial da Revista Consultor Top. Estou ligando para saber se você aprovou o orçamento de um anúncio que enviamos por e-mail”.
Agora eu ‘entrava no ar’ e sabia do que se tratava. Mas fiquei imaginando onde foi que este sujeito aprendeu a tratar de negócios por telefone.
“Meu querido”, “meu anjo”, “meu bem” são tratamentos pessoais, exclusivos – e bem exclusivos – ou reservados a situações íntimas.
Se o assunto é negócio, as expressões a serem empregadas devem respeitar um protocolo de tratamento adequado. Infringi-lo é um risco, já que a percepção do fulano do outro lado da linha pode criar antídotos emocionais imediatos – como foi o meu caso.
E não vale só para o telefone. Visitas, textos de e-mails etc, devem evitar intimidade de qualquer natureza.
Os extrovertidos tendem a julgar que todos gostam de ser tratados com informalidade. É um erro. Uma palavra mal colocada acaba se convertendo em ameaça.
Ser formal não significa deixar de ter boa educação e docilidade. É possível tratar as pessoas como elas desejam ser tratadas sem invasão. Regras simples de relacionamento não carecem de uma educação na Suíça. O Google pode ajudar muito. Mas... é para quem está disposto a se esforçar e aprender na prática.