carregando...
Profissão Atitude
EU DEVERIA
EU DEVERIA

Abraham Shapiro

Todo mundo vive com algum “deveria”. 

Muita gente é afetada por seus “deveria” de modo satisfatório e positivo. São aqueles que os cumprem e depois se sentem bem consigo mesmos.  Quando fazemos as coisas certas, nós nos sentimos bem e percebemos que a vida tem sentido e propósito. 

Mas há aqueles que não têm uma boa relação com seus “deveria. Eles se sentem pressionados e afogados.  Para eles, os “eu deveria” são uma fonte interior de sofrimento emocional que não para de jorrar.  Por exemplo:  “Eu deveria estar feliz sempre”. “Eu deveria me sentir forte e no controle”. “Nunca deveria me enganar”. “Não deveria sentir raiva”. “Nunca deveria perder tempo”. “Sempre deveria sentir-me produtivo”. “Deveria amar mais”. “Deveria estudar mais”. “Deveria ganhar mais dinheiro”. 

Eu o convido a fazer a sua própria lista de “deveria”.

Os “deveria” geralmente tornam-se “tiranos destrutivos” sobre nós, especialmente quando se transformam em exigências impossíveis de se realizar. A tirania do “eu deveria” é  um sentimento ou obrigação de ser perfeito e, portanto, é como a ordem dada por um ditador opressivo que exige cruelmente só perfeição. “Você nunca devia ser fraco” é uma dessas exigências impossíveis. 

Os “deveria” são inflexíveis, rígidos, inabaláveis e carentes de compaixão por nossas limitações e fraquezas. Ele nunca deixa o indivíduo relaxar porque a pressão de ser perfeito é implacável o tempo todo. E quando reforçados pela pressão social, os “deveria” tornam-se mais intolerantes ainda. Sob o peso destes “decretos”, o nosso comportamento vê-se pressionado, forçado e obsessivo. 


COMO É?

A principal característica de alguém que vive controlado por esta força tirânica é que se sente conduzido e jamais se vê como condutor de sua própria vida. Ocorre uma perda da persoanalidade, da criatividade e da autenticidade. 

E como se isso fosse pouco, os “deveria” também são punitivos. Eles impõem uma mensagem no cérebro, do tipo: “Se você não faz com perfeição, é uma pessoa má”. Sentindo-se um fracasso, a pessoa cai inevitavelmente presa da frustração e da vergonha. O indivíduo odeia a si mesmo e se sente deprimido, frustrado e desprovido de ânimo e vitalidade. 

Mas graças a D-us, há esperança.


O QUE FAZER?

  • O primeiro passo é conscientizar-se dos seus próprios “deveria”. Faça a sua lista. Quando começar a escrevê-los, você verá que são muitos. Alguns óbvios, outros bastante sutis. Mas você deve olhá-los atentamente. 
  • O segundo passo é reconhecer que alguns “deveria” são mentira, uma grande mentira disfarçada em algo lógico.  Por exemplo: posso escutar a mim mesmo dizer que sempre  “deveria” estar feliz. Isto é verdadeiro ou falso? Com certeza é uma mentira, porque estar feliz constantemente, sem jamais provar o mau humor, é humanamente impossível.
  • O terceiro passo é identificar a verdade. Neste mesmo exemplo, a verdade seria: “Tudo bem. De vez em quando me sinto infeliz e de mau humor. Ninguém está feliz o tempo todo”. Ao aceitar a verdade, você sentirá uma mudança perceptível, uma espécie de libertação ou sensação de leveza.  
  • O quarto passo é reconhecer que você não é uma má pessoa. “Não estar feliz todo o tempo não me converte em uma pessoa má, tampouco significa que eu tenha algo mau nem um problema social.” Acreditar nisso seria uma falsidade.
  • O quinto passo é aceitar que você é uma boa pessoa, que tem limitações e é imperfeita. E quando não existe a necessidade de ser perfeito, você então pode começar a descobrir e assumir a verdade sobre si. Viver como uma pessoa imperfeita e limitada requer que abandonemos aquela imagem idealizada ou “inventada” de nós mesmos. E encarar a realidade sempre é doloroso.

Ao darmo-nos conta de que estamos sendo realistas a respeito dos nossos sentimentos e ideias, teremos na prática um indício importante de que começamos a nos libertar da tirania do “eu deveria”. 

À medida que se afrouxa o domínio deste “reino do terror”, você começará a sentir-se mais vitalizado,  sua vida mais dinâmica, e menos como alguém dominado e dirigido.
______________________

Abraham Shapiro é consultor de empresas e diretor do portal profissaoatitude.com.br