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AUTODOMÍNIO:  O QUE SE GANHA COM ISSO?
AUTODOMÍNIO: O QUE SE GANHA COM ISSO?

ABRAHAM SHAPIRO para o Blog Profissão Atitude

O que fazer na hora do desespero. Como agir quando tudo parece perdido aos nossos olhos? 

A psicologia daria uma resposta. A religião, outra. A tática militar, uma terceira. E daí por diante. 

O bom senso, entretanto, diz: “Não perca a calma. E use o seu autocontrole ao máximo.”

Será possível ter algum autocontrole em condições extremas, perigosas ou de alto risco pessoal?

Bem, eu francamente não sou um mestre nisso. Sou apenas um humilde aprendiz. As notas que eu mereceria nas provas a que já fui submetido não seriam altas. Mas eu estou lutando e prosseguindo.

Há uma história que certa vez ouvi cuja reflexão me ajuda muito a compreender a base deste princípio.  

Havia um pobre homem que ganhava a vida extraindo argila de escavações do solo e a vendia para construtores de casas.

Um dia, enquanto escavava, encontrou uma pedra preciosa de rara beleza. Era muito grande e brilhante, parecia de valor incalculável. Como ignorava seu real valor, foi a uma joalheria para avaliá-la. O joalheiro declarou que naquele país não havia ninguém capacitado a fazer uma avaliação à altura do preço provável da pedra, muito menos a pagar por ela. Somente em Londres seria possível.

O homem era pobre. Não podia pagar uma viagem dessas. Decidiu vender tudo o que possuía, mendigou de porta em porta, mas tudo o que conseguiu foi reunir dinheiro para chegar até o porto de seu país. Precisava embarcar em um navio, porém, não tinha recursos para o bilhete.

Dirigiu-se ao capitão e mostrou a ele sua pedra preciosa. Este ficou atônito com a beleza daquela gema e convidou-o a subir a bordo: “O senhor é um homem digno de confiança”, disse o capitão ao homem a quem conferiu todas as honras. Ofereceu a ele uma cabine de primeira classe com conforto de milionário. A cabine tinha uma escotilha que dava para o mar. Nosso herói passava longo tempo deleitando-se e regozijando-se com o seu diamante enquanto absorvia a brisa fresca do mar que penetrava em sua cabine.

Durante as refeições, seu coração enchia-se de alegria em pensar no diamante e todos sabem que um coração alegre é garantia de boa digestão. Tanto que, certo dia, adormeceu profundamente após o almoço tendo deixado sobre a mesa de sua cabine a fantástica gema.

Nesse ínterim, o marinheiro que limpava as cabines entrou, recolheu a toalha de sobre a mesa e sacudiu-a afora da escotilha para jogar as migalhas e não percebeu o diamante. Tudo foi lançado ao mar.

Quando nosso herói despertou e compreendeu o que tinha ocorrido, aborreceu-se tanto que quase enlouqueceu.

O que fazer? O capitão era um interesseiro. Poderia matá-lo pelo preço do seu bilhete.

Foi neste momento que ele resolveu não perder a calma, parecer contente, como se nada tivesse acontecido. Manteve a mesma postura satisfeita e tranqüila que adotara até que acontecesse sua pessoal tragédia.

Naquele dia, subiu ao convés para a costumeira conversa que tinha durante horas com o capitão. Fez tudo como nos dias anteriores. Fingiu tão bem, que o capitão não observou nenhuma diferença.

“Eu sei muito bem” – disse o capitão – “que o senhor é um homem honesto e sensato. Meu navio leva uma grande carga de trigo que comprei especialmente para revendê-lo em Londres. Posso ganhar muito dinheiro com isso, mas temo ser acusado de ter desviado a reserva real. Portanto, façamos a compra em seu nome. Eu posso pagar-lhe muito bem por este serviço e favor”. O homem aceitou a proposta e eles fecharam o negócio.

Na chegada a Londres, o capitão teve um mal-estar e faleceu repentinamente. Nosso homem herdou todos os seus bens, pois, aceitara assinar com ele um contrato de propriedade sobre o navio e sua carga. Isso valia duas ou três vezes o valor do diamante.

Vamos às conclusões. 

Primeira: o diamante não pertencia ao homem. A prova é que ele o perdeu. O trigo, sim, era para ser dele. A prova? Ficou com ele.

A segunda – e mais importante.  Ele manteve o domínio de si próprio a tal ponto que conseguiu dominar o desespero que naturalmente sentiu após constatar a perda de seu tesouro. Isto lhe possibilitou raciocinar de modo claro e lhe  permitiu atingir sua grande meta.

O desespero causa confusão e turbulência mental. Com o cérebro agitado não conseguimos ser lógicos. Portanto, algo crucial a ser trabalhado a fim de atingirmos maturidade é o autodomínio.

Finalizo lembrando uma belíssima máxima: "Quem é forte? Aquele que consegue controlar suas paixões".