COMO SÃO AS DECISÕES DAS PESSOAS COMUNS
ABRAHAM SHAPIRO para o Blog Profissão Atitude
O futuro preocupa. É por isso que o adiamento de muitos compromissos traz esperança de melhoria ou renovação.
Você se lembra de quando ia despreparado para uma prova no colégio e o professor faltava? Acendia-se uma expectativa de que lá estava a oportunidade de estudar e tirar boa nota. A título de simples informação, pesquisas mostram e provam que menos de 5% dos alunos nessa circunstância tiram proveito real para melhorar suas notas. Todos os demais ficam só na esperança.
O medo do futuro parece barrar os nossos sonhos ou os nossos planos.
Em 2002, um psicólogo Israelense, chamado Daniel Kahneman, ganhou o prêmio Nobel de Economia.
Seus trabalhos provaram que na hora de escolher entre correr um risco ou evitá-lo, a nossa decisão não é guiada só pelas chances efetivas de sucesso ou fracasso.
Ele e seu parceiro, Amos Tversky, afirmaram que, havendo riscos, o que irá falar mais alto é o medo de perder, e não o desejo de ganhar.
Outra explicação.
Imagine que o seu salário mensal seja de R$ 3 mil e alguém lhe dê mil reais para você apostar num jogo. Caso perca este dinheiro, o seu orçamento não estará comprometido.
Começa o jogo. Você aplica os R$ 1.000,00 e agora tem de escolher entre ganhar R$ 500 certos ou correr um risco em que você tenha duas possibilidades:
- 50% de chances de ganhar R$ 1.000,00 ou
- 50% de chances de perder tudo.
Qual será a sua opção?
85% dos entrevistados escolhem os R$ 500,00 certos, e evitam o risco de não ganhar nada.
Ganho certo é o que predomina.
Mudemos um pouco o cenário.
Você recebe agora R$ 2.000,00. E desta vez terá de escolher entre: perder R$ 500,00 inevitavelmente, ou correr um risco pelo qual há duas possibilidades:
- 50% de chances de você perder R$ 1.000,00 e
- 50% de chances de você não perder nada e ficar com os R$ 2.000,00 no bolso.
E então?
70% preferem correr o risco de perder mais. Sabe por quê? Porque têm esperança de não perder nada. Só 30% optam pela perda inevitável de R$ 500,00.
Quando se trata de ganhar, temos mais aversão ao risco do que quando se trata de perder. Nós estamos mais dispostos a sacrifícios para não perder do que para ganhar. Para não perder estamos dispostos a correr o risco de “perder mais”.
Muitos jogadores param quando estão ganhando. Porém, poucos conseguem parar quando estão perdendo. É difícil renunciar às perdas. Por isso seguem apostando movidos pela fé de que sua sorte irá mudar e aí ficam até esgotar sua conta e também seu crédito.
Acontece também com o investidor que se agarra a ações que estão caindo dramaticamente porque prefere esperar por um milagre a vendê-las neste momento e barrar seu prejuízo aos níveis atuais.n
Assim, quando limitamos os nossos sonhos, estamos, na verdade, temendo deixar de lado o conforto do nosso status. Este apego é que fala mais alto do que a perspectiva do sucesso.
Alguém disse que não existe desejo sem perdas. Portanto, quem não aceita perder, está impedido até de desejar.
PS: Esta e outras situações são muito bem abordados no livro "Rápido e Devagar" de Daniel Kahneman.