SAL GROSSO E A COMUNICAÇÃO EFICIENTE
Abraham Shapiro
Como diretor comercial, Rogério sempre se mostrou cético frente às crença dos funcionários. Naquela manhã de segunda-feira porém, ele chegou trazendo recipientes som sal grosso e os espalhou pelos cantos das salas da empresa. Todos estranharam a atitude supersticiosa um dia após o fechamento do terceiro mês seguido em que as metas não foram atingidas.
O gerente de vendas se ofereceu para questionar o diretor. E o Rogério não pestanejou a dar sua resposta:
- “Há três meses vocês não cumprem as metas de vendas. Eu tentei encontrar as razões e fiquei entre duas hipóteses. Ou há algum problema místico aqui, e pra isso eu trouxe sal grosso para purificar o ambiente e mudar o rumo das coisas de hoje em diante, ou, caso não resolva, estará provado que trata-se de incompetência geral. No entanto, fica decidido a todos os que julgarem a minha atitude bizarra, que não terei problema algum de esquecer tudo isso e começar a demitir um por um para contratar gente que queira se esforçar e realizar as vendas que o nosso planejamento prevê.”
O gerente abaixou a cabeça, pediu licença e retirou-se da sala do diretor para uma conversa definitiva com a equipe.
Eu vejo com enorme frequência que a preocupação maior de todos está em “o que” comunicar às pessoas. Mas o problema real da comunicação está em “como” fazê-la de modo a que os interlocutores interpretem e ajam conforme o objetivo desta comunicação.
De vez em quando é aconselhável surpreender pela quebra do modelo mental coletivo e, com isso, fazer os interlocutores pensarem diferente, já que os meios mais óbvios caem na desgraça do lugar-comum. Foi a opção do Rogério ao agir de modo imprevisível e surpreendente.
Creio não ser preciso dizer que, depois deste episódio, os resultados apareceram, e as metas foram todas batidas.