SER OU PARECER?
Abraham Shapiro
Um asno encontrou uma pele de leão deixada na floresta por um caçador. Ele vestiu-se nela, e começou a se divertir escondendo-se numa moita e saltando diante dos animais que passavam por ali. Todos se assustavam, batiam em fuga e ele gostava tanto de pregar essa peça que, não contendo seu prazer, saltava e zurrava de alegria cada vez que a representava.
Mas acontece que entre todos os animais estava a ardilosa raposa. Por longo tempo ela pôs-se a espreitar ao longe e presenciou o festejo do asno. Ela entendeu o teatro e resolveu revelar sua descoberta.
Chegando-se ao asno com toda aquela calma e segurança própria dos espertalhões, ela então lhe diz:
- "Caro amigo asno. Se tivesses mantido a boca fechada, até a mim terias enganado. Mas o que te entregou foram aqueles relinchos com que celebravas o sucesso da tua tolice.”
O mundo está repleto de pessoas tão focadas em “parecer”, que elas se esquecem de “ser”. Assim, elas conseguem enganar a quase todos com seus carrões, joias, roupas e ambientes elegantes que frequentam. Mas ao abrirem a boca e revelar aquilo de que sua mente e coração estão repletos, torna-se difícil permanecer por perto, pois realmente cheira mal.
O velho Mark Twain dizia: “É melhor manter a boca fechada e parecer estúpido do que abri-la e não deixar nenhuma dúvida”. O exterior pode disfarçar. Mas as atitudes e as palavras revelam a natureza e o caráter de qualquer indivíduo – por mais dissimulado que seja.