CHEGA DE SER O PAÍS DO FUTEBOL
Abraham Shapiro
Basta! Depois da derrota por 7x1 para a Alemanha na última Copa e a recente eliminação na primeira fase da Copa América está mais que provado que não somos o país do futebol há muito tempo. Não adianta nos iludirmos mais com isso.
O tempo passou o esporte que um dia pareceu monopólio nacional converteu-se em alvo de treino intenso e sistemático de jogadores e times inteiros em outros pontos do globo. Eles foram humildes, treinaram e aprenderam. Nós fomos orgulhosos, dormimos pensando sermos bons e, ao acordar, havíamos perdido a soberania. História óbvia em qualquer área. Pura questão de causa e efeito!
Isso foi ótimo!
Não é justo que um jogador que faça um trabalho pífio - como o da seleção brasileira nos últimos anos - fature o mesmo que o difícil e explorado lucro líquido de empresas geradoras de emprego e pagadoras de tributos além dos que deveriam para um estado corrupto como o Brasil. Não é justo que um desportista ganhe milhares de vezes o salário de fome de um professor ou de um cientista. Não é justo que ele seja mais admirado que o agricultor, que sofre e se desdobra pelo alimento dos que estão perto e dos que estão longe.
Além de tudo, é infeliz e desafortunado constatar que a mídia incite as nossas crianças a desejarem ser jogadores de futebol pela fama e pelos salários milionários quando muitos desses astros fabricados por interesses pontuais são sonegadores de impostos e mestres em dar boas desculpas por seu mau desempenho. Trata-se, antes, de um estrelato incoerente e inconsistente.
A verdade é que devíamos ter a honradez e o brio de buscar outras titulações nacionais merecidas, porém, não interessantes à nossa gente por seu baixo nível cultural. Poderíamos lutar por sermos "O país da educação", por exemplo. ou talvez: "O país do empreendedorismo". Há outros tanto ou mais significativos. Isto seria, sim, um orgulho à altura do trabalho e do esforço de todos os brasileiros já cansados e surrados por tanta roubalheira e enganação de governos e outros ilusionistas que comungam dessa humilhante política do pão e circo!